Em artigo da revista Época, destacamos algumas frases para análise: – “Está provado que a química da hereditariedade trama tanto a forma do nariz, a cor dos olhos e da pele quanto as linhas gerais do comportamento de cada indivíduo“. “…A cada dia, novas descobertas sugerem que agressividade, atração pelo perigo, dependência química, homossexualismo, entre outras características, são determinadas em grande parte pela genética“.
O artigo diz que os estudos chegaram até o “gene da felicidade“, que fica no cromossomo 17, e faz referência a um cientista Dean Hamer, que prossegue estudando os “genes que estão por trás do homossexualismo masculino e da tendência à promiscuidade, à depressão e a ansiedade“.
De fato, não se pode negar que a matéria exerce significativa influência sobre o Espírito nela encerrado, mas, tomá-la como causa dos distúrbios psíquicos que envolve o comportamento moral do homem, é um absurdo. A ciência, desconhecendo a realidade do Espírito imortal, não pode atribuir os desvios de conduta a esse ser ainda não catalogado nas enciclopédias do mundo científico. Todo resultado conseguido por pesquisas feitas neste sentido, estará sempre comprometido se não considerar-se o elemento principal: o ser espiritual que sobrevive à morte.
Tomando essa alegoria materialista por verdade, todos os desajustes da natureza humana não passariam de uma mera questão de deficiência genética, onde a manipulação de pequeninas partículas que constituem o corpo físico revelariam a chave para o extermínio da violência, das drogas, da prostituição e dos desvios sexuais. Todos os delitos estariam justificados pela variação dos cromossomos. Os materialistas estariam de posse de valioso material em defesa de suas idéias, podendo com isso, converter o planeta num celeiro de desordem e indisciplina.
Tal hipótese reduziria a missão de Jesus Cristo a um acervo de cinzas, onde as chamas da incoerência fulminariam seus sublimes ensinamentos. A violência, a prostituição e os distúrbios sexuais, que sempre acompanharam a humanidade, teriam causas desconhecidas por Ele e seus conselhos de boa conduta, poderiam ser relegados ao esquecimento. Não seria mais lógico Deus ter aguardado até os tempos atuais e ter substituído o humilde carpinteiro pelo cientista revolucionário? A porta estreita pela porta do laboratório? O vencer o mundo pelo vencer a hereditariedade? O reino dos céus dentro de nós, pelo reino dos genes? O brilhe a vossa luz, pelo brilhe a vossa estrutura genética?
Homens pobres de visão espiritual, encontraram nas lentes de potentes microscópios o orgulho, o egoísmo, a vaidade, a ambição disfarçados em material genético. Mais um lamentável engano da ciência humana, quando pretende resumir o homem a simples matéria pensante. Perderam-se nas vias tortuosas do conhecimento científicos. Julgando-se sábios, tornaram-se loucos. Semeiam o germe da destruição da humanidade e não o percebem. Se tal tese fosse verdadeira, não se poderia imputar responsabilidade a quem quer que seja, por um delito cometido. O máximo que a Lei humana poderia fazer seria condenar os pais do transgressor, que foi quem os “produziu“. Esses, possivelmente colocariam a responsabilidade nos avós do sujeito e assim sucessivamente “ad infinitum“. Seria o caos, evidentemente. Não, não são aparelhos, nem tecnologia feitos por mãos humanas que corrigirão falhas morais, mas sim a precisa aparelhagem das Leis Divinas, que não restringe seus movimentos à cirurgia da roupagem terrena em algumas horas, mas à delicada cirurgia da alma que consome séculos de expiação e provas dolorosas.
A Doutrina Espírita constitui-se em verdadeira ciência de ponta. De posse da certeza do mundo invisível e da reencarnação, ela pode levar o investigador sincero a um estudo aprofundado sobre as origens do homem. O contato com os Espíritos mostra que as viciações e virtudes acompanham os habitantes do além túmulo que, não mais possuindo a vestimenta carnal, não poderiam ter suas atitudes mórbidas ou sãs impulsionadas pelos genes perdidos no corpo já desfeito.
Sem esses tais genes (que se desfazem com a morte do corpo) como ficariam as almas dos que morrem? Seria mesmo o fim de toda a esperança e das consolações. Os Espíritos, em verdade, continuam do lado de lá, com todo o seu patrimônio moral e intelectual adquirido do lado de cá. Mas será que esses cientistas acreditam em manifestação de Espíritos? Cientistas vaidosos do seu pretenso conhecimento continuam a confundir a causa com o efeito. Distanciados do Evangelho, permanecerão algemados ao erro e dominados pelo espírito do falso saber.
O que nos falta realmente, incluindo nisso os espíritas, é deixarmos de alimentar desvarios, transferindo nossas responsabilidades morais para o corpo carnal que, sem o Espírito, não tem qualquer razão para viciar-se, prostituir-se, roubar, matar. Precisamos assumir nossas imperfeições redobrando esforços na luta constante para vencê-las. Não uma luta que se trava com as células do organismo material perecível, mas junto do Espírito indestrutível, porque é ele quem sobrevive à morte e tem como destino o Reino de Deus. O resto é passageiro.