Certamente não desconheces, irmão de minha alma, que o homem dentre todas as espécies da criação divina, é o único que possui a emoção. Esse atributo é a marca registrada de Deus em seus filhos humanos. O tempo escrevendo suas crônicas relata que civilizações crescem ou se destroem de acordo com as emoções vivenciadas pelos líderes dos povos e seus seguidores. A emoção, pois, governa o mundo.
Quando Deus implantou a emoção no interior dos homens, assim o fez com o propósito de fornecer aos mesmos a chave que abre a porta que os separa de seu EU INTERIOR. A emoção, portanto, é a chave que abre o caminho para o Eu espiritual de cada um, pois, só através dela geramos sentimentos . Necessitamos da emoção para compreender as coisas que estão além do corpo físico, as quais não podem ser observadas por nossos olhos materiais e sim pelos olhos da alma.
Contudo, pelo sistema controlador que existe neste mundo, fomos ensinados desde muito pequenos, a controlar emoções, a ter medo de demonstrá-las. Os seres humanos em sua grande maioria temem suas emoções. Existem aqueles que entendem que emoções traduzem coisas bonitas, românticas, caridosas e edificantes. No entanto, emoção quer dizer muito mais que tudo isso. A raiva, por exemplo, é uma emoção que fomos ensinados a rotulá-la como emoção negativa e nociva. Estou tomando como exemplo a raiva, mas, poderia ser outra emoção negativa como o medo emocional (não o instintivo), a inveja, o ciúme, a mágoa, o orgulho exacerbado, e por aí vai.
Os meios sociais vendem máscaras aos homens para dissimularem, ignorarem e até desconhecerem suas emoções negativas. Os artifícios usados para esconder a raiva dentro de nós, por exemplo, são inúmeros. Aprendemos, pois, que a raiva é uma parte podre de nós que precisa ser enterrada bem fundo.
Que pena!
Ora, deves estar surpreso a me ver dizer que é uma pena que se enterre a raiva bem fundo, em nosso porão interior. Sim! Ao assim proceder, deixamos de estudá-la. Em oportunidade pretérita, na crônica “Emoções Negativas x Benignidade”, afirmei que precisamos ter o controle de nossas emoções e que para tanto devemos ter pleno conhecimento delas, caso contrário, poderemos identificar-nos com as mesmas, tornando-nos seus prisioneiros. Camuflando a raiva estaremos identificados com ela que poderá vir à tona em situações inesperadas quando deixamos cair a máscara social. E nessas horas o estrago pode ser grande, pois, ficamos cegos diante de tudo e a ordem interna é que se cometa excessos. Excessos com as palavras que ferem e que não diríamos jamais numa hora de calma e tranqüilidade. Excessos nos gestos que se transformam até em violência física face o transtorno emocional vivenciando.
Se nossa raiva fosse estudada e não abafada não explodiríamos igual a uma panela de pressão defeituosa. Nosso porão interior recebe muitas emoções negativas. Para lá enviamos a raiva, o medo, o ciúme doentio, a mágoa, a tristeza, as decepções e tantas outras que possuímos. Tudo lá dentro encontra-se em ebulição embora nossa expressão facial não dê demonstração disso. Quando não conseguimos mais conviver com tais emoções, vem a explosão que chamamos de depressão, pois, a vida transformou-se em cacos aos nossos próprios pés. É o câncer da alma, a tristeza que se instala dentro de nós. As vezes a pressão em nosso porão interior explode em forma de tumores e o câncer é diagnosticado em nosso corpo físico.
Continuando a usar a raiva como exemplo de emoção negativa, eu te digo meu irmão que se a evitamos é porque temos preconceitos contra esse sentimento,desconhecendo que ela, a raiva tem seu propósito em nossas vidas. Ao contrário de evitá-la, amaldiçoá-la, devemos observá-la, estudá-la e descobrir onde se encontra sua raiz, como apareceu essa emoção em nossas vidas para extirpá-la de nosso interior e obter a tranqüilidade que tanto almejamos.
Precisamos de nossas emoções, sejam elas positivas ou negativas pois, é através desses sentimentos que galgamos a escada que nos leva ao nosso “Eu Superior”, aquele “EU” que faz o homem ser a imagem e semelhança de Deus.Como podemos abrigar Deus dentro de nós se estamos cheios de ódio, cheios de medo, de ciúme ou de inveja?
E deves estar te perguntando que poderemos fazer para nos tornar livres das emoções negativas que carregamos como um fardo em nossos dias. Algumas emoções negativas podem ser destruídas e outras podemos transformá-las em emoções positivas. Fazer isso é impossível de uma hora para outra. Temos que preparar o terreno, principalmente através de atitudes mentais sensatas e corretas. Temos que compreender que ninguém é responsável por nossa raiva, nosso ciúme, nossa mágoa, nossa inveja, nossa tristeza e nossa infelicidade, salvo nós mesmos. Não devemos nos enganar lançando culpa nos outros como se fossem eles que nos causassem as emoções negativas.
O primeiro trabalho começa pela compreensão de que possuímos emoções negativas deixando de nos enganar a nós mesmos, passando a criar atitudes mentais corretas e finalmente compreender que as emoções negativas são inúteis em nossas vidas. Aliás, elas não têm qualquer finalidade em nossas vidas, salvo os dissabores que nos trazem. Assim, deve ser anotado por escrito quais as emoções negativas que trazem dissabores. Façamos uma lista delas e vamos atacar por etapas nesse curso terreno que estamos ainda freqüentando. Nossa tela mental tem guardados em arquivos os filmes de nossas vidas e o triste desempenho que tivemos nas horas em que nos deixamos dominar por nossas emoções negativas.
O segundo passo que se dá em relação as emoções negativas é o treino que necessitamos para apagar de nossa mente a crença de que elas são inevitáveis ou úteis para a expressão de nós mesmos.ou algo semelhante. É nessa hora que se instala uma certa luta mental para compreendermos que as emoções negativas não possuem nenhuma função útil em nossas vidas. Logo, podemos e devemos lutar contra elas.
O terceiro passo é aprender a deter uma emoção negativa, lembrando, porém que ela é composta pela identificação e imaginação negativa. As emoções negativas não existem sem imaginação negativa e identificação. Pense neste instante no ciúme ou na inveja para entender melhor o que te digo abreviadamente, pois, o estudo sobre as emoções negativas é bastante extenso. Assim, a emoção negativa não pode ser detida quando estamos imersos nela, pois, é tarde demais. Contudo, poderemos preparar o terreno para deter a emoção negativa impedindo-a de manifestar-se. Aqui necessitamos da ajuda de outros “eus” que existem em nossa personalidade dos quais ainda não falamos. Chamaremos de “eus” intelectuais que estão livres do centro emocional e bem por isso conseguem ver as coisas imparcialmente. Esses “eus” intelectuais podem dizer que a vida inteira carregamos conosco determinada emoção negativa e que nada lucramos com isso e que muito ao contrário, só sofremos com ela.
Em resumo, podemos afirmar que o começo de trabalho sobre nossas emoções negativas é estudá-las e tentar não expressá-las. Se a expressarmos, não poderemos estudá-las. Tentando não expressá-las, poderemos vê-las e então estudá-las.
A batalha contra as emoções negativas é árdua e requer muitos esforços, pois, o hábito é bastante forte. Assim, o estudo delas é de primordial importância para poder classificá-las. Precisamos identificar quais são as nossas principais emoções negativas, quando surgem e o que as provocam. Nossa arma principal nessa batalha é a nossa mente. É ela que irá nos mostrar que necessitamos estar em constante treinamento, verdadeiras sentinelas para não deixar a emoção negativa nos dominar.
Como vê irmão, o estudo de nós mesmos não pode ser feito de imediato. Bem por isso, ainda conversaremos muito sobre as descobertas de nossas emoções. Levamos anos desconhecendo quem somos na realidade, enganando a nós próprios e aos outros. Levamos tanto tempo para começar a compreender que precisamos nos amar e que precisamos de um curso intensivo sobre autoconhecimento, pois, através dele chegaremos a amar a Deus sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos.
Com amor,