Que a paz de Deus se faça presente em teu coração, meu irmão, para que minhas palavras antes de se tornarem uma ofensa, sejam confortantes à tua alma.
Hoje precisamos conversar sobre nossos defeitos, alguns dos quais nem imaginamos que temos. E quando alguém nos aponta um defeito que desconhecemos, ficamos muito surpresos por sermos assim julgados, não é mesmo? Quando passamos a observar o mundo, as pessoas que nele vivem e a nós próprios, adquirimos conhecimentos que nos são infinitamente úteis para nosso próprio aperfeiçoamento.
Por vezes nos deparamos com pessoas que possuem um conceito grandioso de si mesmas, que se mostram orgulhosas, cheias de soberba, que agem como “seres superiores”. Nosso primeiro impulso leva-nos a criticá-las de imediato, ainda que interiormente, sem verbalizar nossa opinião. Contudo, se já deixamos para trás em nossas vidas esse modo de ser, de julgar apressadamente nosso próximo, passaremos a “estudar”- e não julgar- o comportamento das pessoas com uma pitada de compaixão. Desse modo não estaremos julgando, condenando e tendo o propósito de humilhar ao apontar um defeito. Estaremos, portanto, exercendo a caridade em ajudar o próximo à vencer seus problemas interiores para que o mesmo obtenha conhecimentos que lhe possibilitem a escalada rumo ao Pai.
Na realidade, a opinião elevada de si mesmo, o amor-próprio exagerado, o desejo de vivenciar o poder, são máscaras que encobrem a necessidade de auto-afirmação, o sentimento de inferioridade. A soberba aqui citada foi só um exemplo de imperfeição. Todavia, as imperfeições existem e muitas delas são completamente desconhecidas das pessoas que as portam. A maioria dos seres desconhece esses defeitos de personalidade os quais provavelmente surgiram, numa infância mal conduzida e orientada, quando não se tratam de resquícios de vidas passadas. É comum, pois, que apontemos nos outros, aqueles defeitos que não conseguimos vislumbrar em nós próprios.E esses defeitos de personalidade que ignoramos são aqueles que mais indicamos nas pessoas que fazem parte de nossos dias. Exemplificando, apontamos alguém como sendo arrogante quando temos atitudes semelhantes, mas, que não são assim reconhecidas por nós.
Se por ventura alguém nos aponta esse defeito ignorado, a surpresa pode nos ferir interiormente levando-nos a ficar revoltados e por vezes até doentes. Para que me entendas melhor, preciso, bom irmão, te contar a estória do homem que pensava ser perfeito e lindo. Ele vivia feliz e jamais tinha se olhado no espelho. Todavia, alguém resolveu, através de um espelho, mostrar sua verdadeira face, o quão feio era e a partir de então começou a desgraça daquele ser.
Assim, tal qual o homem feio, somos nós. O ego, nosso “eu inferior” tem um suporte que lhe dá firmeza, tal qual a raiz de uma árvore que se acha escondida, sob a terra. Essa raiz é nosso principal defeito que também se encontra oculto, em nosso interior. É muito difícil reconhecê-lo, e bem por isso é mais fácil para outros descobrirem esse defeito, essa nossa imperfeição. É bem aqui, meu irmão, o cerne de nossa conversa de hoje. Precisamos agir com cautela ao apontar o defeito de alguém. Precisamos ter compaixão, ser caridosos, pois, pode acontecer a mesma coisa que aconteceu àquele homem que se achava lindo até o dia que se viu pela primeira vez no espelho. Surpreso por ser tão feio, perdeu seu chão. Sem apoio para o ego, sem a raiz que lhes dá suporte as pessoas podem ficar doentes e chegar, inclusive a morrer.
O defeito principal de uma pessoa pode ser um salva-vidas. Fazendo-a repentinamente consciente de seu defeito, poderemos tirar a bóia salva-vidas de quem ainda não sabe nadar. É aí que entra a cautela, a compaixão e a caridade com o próximo. É necessário um cuidado todo especial de ensiná-lo a nadar para gradativamente ir tirando a bóia em que se apóia. Deves, meu irmão, estar pensando que quero tapar o sol com a peneira, alimentando o ego de alguém que está errado. Não… Não é esse meu propósito, uma vez que quero amorosamente ajudar meu próximo a nadar sem bóias. Quero vê-lo flutuar com prazer no mar da vida, sem precisar se valer de suportes que lhe amedrontam e não lhe deixam dar as braçadas que lhe levam ao Porto Seguro.
Porém, igual a raiz de uma árvore, do defeito principal saem inúmeros defeitos secundários. Não podemos extirpar o defeito principal primeiramente, caso contrário a árvore morre. Temos que ter cuidado ao remover a terra que abriga a raiz principal e suas radículas. Não podemos provocar danos na rama de nosso ego. É necessário cuidar primeiro das radículas para só então chegar à raiz-mãe.Na verdade não gostamos que nossos defeitos sejam apontados. Falta-nos ainda humildade para isso. Mas, se não são apontados por alguém, jamais saberemos que os temos. Aqui entra o exercício da paciência. O remédio precisa ser gotejado e não virado o gargalo do frasco na boca do paciente.
É bem possível que jamais cheguemos a apontar o defeito principal de alguém. Ao tomar conta dos pequenos defeitos secundários, ele próprio descobrirá seu defeito principal.Quando isso acontecer, não será ferido e poderá se auto-curar do defeito principal. Quando ensinamos com paciência estamos praticando a lei do amor. E quando praticamos a lei do amor estamos diretamente conectados a Deus.
Depois dessa longa conversa responda-me meu dileto irmão, se já és um professor de Deus, fazendo parte de seu Corpo Docente ou se ainda não conseguiste passar no vestibular da vida? Se não obtiveste ainda o certificado para ingressar na Escola de Deus, estude irmão. Pratique, pratique, pratique, pois, a prática faz o mestre, e com certeza Deus está apostando em ti.
Com amor,
Irmão Savas