Tudo aquilo que nós não admitimos ser, tudo aquilo que não queremos descobrir dentro de nós mesmos e o que não reconhecemos como verdadeiro em nosso caráter, define o que podemos chamar de “nossa sombra”.
“Sombra” é um conceito junguiano para designar a soma dos lados rejeitados da realidade que a criatura não quer admitir ou ver em si mesma, permanecendo, portanto, esquecidos nas profundezas da intimidade do ser. Por medo de sermos vistos como realmente somos, nossas relações ficam limitadas a um nível superficial.
Resguardamo-nos e fechamo-nos intimamente, para que possamos nos sentir emocionalmente seguros. Mas, na verdade, não nos livramos do nosso lado recusado simplesmente porque fechamos os olhos para ele, porque mesmo assim este lado que não queremos ver, continuará existindo na “sombra” de nossa estrutura mental.
Recusar-se a aceitar a adversidade de emoções e sentimentos de nosso mundo interior, nos levará a viver sem o controle de nossa existência e sem ter nas mãos as rédeas de nosso destino. Ao assumirmos que são elementos naturais da estrutura humana em evolução, sentimentos como a frieza, a sensualidade, a avareza, o egoísmo, a dominação, a impetuosidade e muitos outros, aí então estaremos começando o nosso trabalho de autoconhecimento, a fim de que possamos descobrir onde erramos e, a partir de então, encontrar o meio-termo, ou seja, não estar num extremo nem no outro.
O ato de arrependimento nada mais é do que perceber o nosso lado inadequado. É admitir para nós mesmos que identificamos nosso comportamento inconveniente e que precisamos mudar nossas atitudes diante das pessoas e do mundo.
O arrependimento pode ser visto como a nossa tomada de consciência de certos elementos que negávamos, consciente ou inconscientemente, projetando-os para fora ou reprimindo-os em nossa “sombra”.
O ato do arrependimento é um antídoto contra o medo. Quem se arrependeu, é porque examinou suas profundezas e descobriu que seus desejos e tendências nada mais são do que impulsos comuns a todos os seres humanos. Quem se arrependeu, é porque aprendeu que simplesmente é humano, falível e nem melhor nem pior do que os outros.
O medo indefinido provém da repressão de impulsos considerados inaceitáveis que existem dentro de nós, como também da ausência de contrição de nossas faltas e da não admissão dos nossos erros, descompensando nosso corpo energeticamente, com o peso do temor e do pânico. Quando estamos envolvidos pelo temor, deixamos de avançar, nos eximindo de viver experiências interessantes e de interagir em diversas áreas do relacionamento humano.
Autor: Francisco do Espírito Santo Neto – pelo Espírito Hammed – extraído do livro “As dores da Alma” (http://www.boanova.org.br/).