“Os inseguros não escolhem as leis que regem a sua conduta, submetendo-se a princípios e a pessoas diferentes de seu modo de pensar.”
A insegurança traz como características psicológicas os mais variados tipos de medo, como o de amar, o da mudança, o de cometer erros, o da solidão, o de se pronunciar e o de se desobrigar.
O inseguro não confia no seu valor pessoal, desacredita de suas habilidades e desconfia da sua possibilidade de enfrentar as ocorrências da vida, o que o impulsiona a uma fatal tendência de se apoiar nos outros. O indivíduo inseguro, por não saber que não pode controlar os atos e atitudes das outras pessoas, cria grandes dificuldades em seus relacionamentos, gerando, conseqüentemente, maiores cobranças e barreiras entre eles. A hesitação torna-o criatura incapaz de se sentir bastante firme para agir. Nunca possui certeza suficiente e quer sempre se certificar das coisas.
É excessivamente cauteloso e vigilante; está em constante sobreaviso e desconfiança de tudo e de todos, por causa do medo das conseqüências futuras de suas ações do presente. Necessitar de amor, desejar consideração ou procurar segurança, são desejos naturais e válidos.
Uma certa quantidade de dependência emocional está presente em muitos relacionamentos, incluindo os saudáveis. Efetivamente, juntos ou sozinhos, estamos sempre caminhando pelas estradas da evolução.
Para avançarmos pela vida de forma harmônica com as pessoas, devemos desenvolver a auto-estima, a capacidade de admitir erros, a responsabilidade de assumir nossos atos e, acima de tudo, a aceitação incondicional dos outros. A insegurança faz de nossos relacionamentos íntimos, um misto de irreflexão e precipitação, fazendo-nos perder o senso de nossas fronteiras individuais.
Parte do desenvolvimento da personalidade humana é construída na infância. As bases de muitas indecisões diante da vida, se devem à educação autoritária dada pelos pais, que escolhem sistematicamente pelos filhos desde roupas, brinquedos, até amigos, profissão e afetos.
Crianças crescem deixando parentes, professores ou companheiros, decidirem por elas, sem levar em conta seus gostos e preferências. Essas crianças se tornarão, mais tarde, homens e mulheres sem segurança, sem firmeza e sem coragem de tomar atitudes perante a vida. O direito de decidir deve ser estimulado sempre desde a infância, pois se trata de apoio vital na formação de um sólido sentimento de determinação e firmeza, que refletirá no adulto de amanhã.
O constrangimento que se faz à nossa liberdade de consciência prejudica a busca de nós mesmos, a nossa afirmação diante da vida, bem como nos dificulta encontrar a peculiar forma de amar. Em razão de tudo isso, indivíduos passam a usar uma máscara de “bonzinho” como meio de seduzir, conquistar ou conseguir disfarçar a enorme incerteza que carregam, mas, periodicamente, mostra de modo claro sua insatisfação interior: explodem em raiva inesperada contra aqueles com os quais convivem.
As relações ficam sensivelmente limitadas, pois nunca se sabe quanto a sua “bondade extremada” vai suportar uma opinião contrária ou algo que lhe desagrade. Essas “estranhas bondades” são peculiares de pessoas que não desenvolveram a confiança em suas idéias, intuições e vocações íntimas e nunca se afirmam em si mesmas.
Não admitem sua insegurança e, por isso, a agressividade acaba quase sempre controlando suas reações. Pagam, porém, um preço fisiológico, ou seja, a somatização das raivas e fragilidades que mantêm fantasiadas em amabilidade.
Um comportamento exagerado de um indivíduo, geralmente significa o oposto do que ele demonstra e confessa. Os inseguros vivem numa espécie de “heteronomia crônica”, ou seja, não escolhem as leis que regem a sua conduta. Distanciados cada vez mais de uma vida autônoma, submetem-se a princípios e a pessoas diferentes de seu modo de pensar.
Usar a nossa própria intimidade para nos guiar, lançar mão de nossas sensações, emoções e sentimentos, é a chave essencial que nos dará segurança.
Autor: Francisco do Espírito Santo Neto – pelo Espírito Hammed – extraído do livro “As dores da Alma” (http://www.boanova.org.br/).